ESTUDO AMERICANO MEDE A EFICIÊNCIA DO PROFESSOR EM SALA DE AULA


Uma pesquisa realizada nos Estados Unidos está medindo a eficiência dos professores em sala de aula e procurando maneiras de melhor avaliá-los. O projeto “Measures of Effective Teaching” (Medidas de Ensino Eficaz, em tradução livre), da Fundação Bill & Melinda Gates, acompanha 3.000 professores voluntários de escolas públicas norte-americanas desde 2009, no maior estudo de observação de práticas de ensino já feito no país.
Thomas Kane, diretor do Centro de Pesquisas em Políticas Educacionais de Harvard e um dos coordenadores da pesquisa, esteve na última terça-feira em São Paulo para debater resultados preliminares com educadores brasileiros. “Nenhum tempo é gasto vendo como os professores se saem na sala de aula, a eficácia deles. Não se analisa a prática escolar, que é tão importante”, disse Kane, durante seminário realizado no Instituto Fernando Henrique Cardoso, em parceria com as fundações Brava e Lemann.
Para identificar boas práticas em sala de aula que contribuem para o aprendizado dos estudantes, os pesquisadores filmaram 1.333 professores de diferentes estados dos EUA em aulas do 4º ao 8º ano. Também foram realizadas pesquisas com os estudantes nas quais eles avaliaram os professores.
Kane diz que é mais eficaz atuar no recrutamento e no período de experiência do professor para garantir profissionais mais eficazes. “Se concentrar no período de experiência do professor é o que vai traduzir mais resultados em menos tempo. É a política que teria maior impacto pelo menor custo. Professores precisam de feedback”, afirmou. Nos EUA, 15% dos docentes das escolas públicas estão no estágio inicial da carreira.
No Brasil, a avaliação do chamado período probatório dos professores é “meramente burocrática”, segundo a ex-secretária de Educação do Estado de São Paulo Maria Helena Guimarães. “A Secretaria de Planejamento tem critérios universais para todos os funcionários públicos. Deveríamos mudar a legislação para ser focada no perfil de atuação do profissional”, disse.
Claudia Costin, secretária municipal de educação do Rio de Janeiro, afirma que um cargo recém-criado por sua gestão, o de professor-tutor, irá ajudar jovens professores em sala de aula e participar do conselho que avalia o professor em seu estágio probatório. “Após passar pela fase de formação do concurso, o professor será acompanhado pelo tutor, que vai entrar em sala de aula com ele, dar retorno. A grande questão é pegar este o profissional, no qual investimos tanto, e transformá-lo em um bom professor.”
O especialista em avaliação educacional da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG) e membro da Câmara de Educação Básica do Conselho Nacional de Educação, Francisco Soares, avalia que embora as realidades sejam muito diferentes, é possível aprender com a experiência dos EUA. “Nos cabe agora verificar como as soluções dadas para os problemas de lá nos iluminam aqui. O investimento no professor funciona em uma rede que tenha currículo, em uma escola que tenha rotina, que tenha infraestrutura mínima e pedagogia adequada àquelas crianças.”

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