Livros , Tablets e redes socias


Brasília – As mudanças tecnológicas tão aceleradas do mundo moderno vão chegar de vez à sala de aula e é bem possível que computadores, tablets e outras plataformas substituam o livro didático e o caderno. A previsão é do sociólogo e professor da Universidade de Ottawa (Canadá), especialista em internet. Ele participou do 5º Congresso Internacional da Rede Católica de Educação, que se encerra amanhã (1º), em Brasília.
“É difícil dizer o que será a civilização no futuro. Aquilo que vamos construir não é imaginável agora. Nos estamos em um momento de grande transformação cultural”, avalia o especialista.
Ele não descarta, no entanto, que as crianças continuem aprendendo habilidades básicas do mundo pré-digital, como a escrita à mão. “A priori, eu diria que é importante ensinar a escrever a mão. É importante manter isso assim como fazer o cálculo mental, apesar de todo mundo ter calculadora”, defende.
Para Lévy, mudarão os materiais pedagógicos e mudarão as competências dos estudantes. “Os alunos do futuro serão pessoas criativas, abertas e colaborativas. Ao mesmo tempo, serão capazes de se concentrar com uma mente disciplinada. É necessário equilibrar os dois aspectos: a imensidão das informações disponíveis, colaborações e contatos; com [a capacidade de] planejamento, realização de projetos, disciplina mental e concentração”.
O sociólogo defende o uso das redes sociais para ensino e aprendizagem. Ele mesmo obriga os seus alunos a criarem grupos no Facebook, postarem textos ou vídeos e participarem de grupos de discussão. “O Facebook é apenas uma das mídias sociais em um contexto de participação. Não são as novas mídias que terão impacto negativo. São as pessoas que postam coisas negativas. É como se perguntar qual o impacto negativo da linguagem porque tem muita mentira. Não é a linguagem que tem impacto negativo, são os mentirosos!”, comparou.
Pierre Lévy acredita que a nova cultura baseada na informática e a economia do conhecimento impliquem novas formas de sociabilidade: ambientes mais colaborativos, em rede e autoorganizados formando uma memória coletiva.
Essas transformações exigirão habilidades que precisam ser ensinadas como a capacidade dos alunos em avaliar as fontes de informação, identificar orientações, ter atitude crítica quanto aos conteúdos.
Ao ser indagado se o país, com baixo índice de aprendizagem generalizado e ainda com número elevado de adultos analfabetos, conseguirá formar seus estudantes com essas capacidades Pierre Lévy foi otimista:
“Eu fico sempre surpreso ao ver até que ponto os brasileiros têm uma ideia negativa do seu próprio país. Primeiramente, vocês estão se transformando na quinta potência econômica do mundo, com uma taxa de crescimento muito elevada. Sim, tem analfabetismo, mas, apesar disso, há um esforço muito importante focado na educação, e o que eu vejo sempre que venho para cá é um monte de pessoas dedicadas para trabalhar na educação.”
Para o sociólogo, o Brasil está ciente de que o futuro do país está no investimento na educação.
“Não fiquem desesperados e continuem com esse entusiasmo extraordinário”, completou. Lévy reconhece que os problemas existem, mas ressalta que eles têm que ser resolvidas com “as ferramentas de hoje e com a visão do futuro”.


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