Como a escola pode ajudar no combate às “Fake News”? Minha entrevista no Canal Futura.

Por Tamíris Almeida, 21 de setembro de 2018

Boatos, notícias mentirosas e informação falsas não são novidades. Mas de uns tempos para cá, elas têm se disseminado numa velocidade impressionante e podem ter graves consequências. De acordo com uma pesquisa do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), as “Fake News” têm 70% mais chance de viralizar que as notícias verdadeiras.
Ao observar que seus alunos estavam compartilhando muitas notícias de supostos sequestros, áudios e informações falsas, a professora Gisele Cordeiro iniciou um trabalho de educação digital na sala de aula.
Caleidoscópio: Como educar os alunos para o uso das redes sociais?
Gisele Cordeiro: É importante falar com os alunos sobre as redes sociais, sobre memes, notícias , segurança e até sobre comportamento adequado ao ambiente virtual.
Gisele Cordeiro é professora de Ciências da Rede Municipal do Rio de Janeiro e trabalha com os alunos como combater fake news. (Foto: Acervo Pessoal)
C: Como o professor pode falar sobre Fake News na sala de aula?
GC:  O professor pode e deve mostrar como uma pessoa deve proceder antes de compartilhar uma notícia, observar a fonte, a data e até se o assunto é pertinente para ser compartilhado em uma rede social.  É preciso mostrar que existem sites que podem auxiliar nessa verificação. Um deles é o Comprova, que reúne jornalistas para pesquisar a veracidade das notícias, ou mesmo o Boato.org, outro site bastante interessante para descobrir se uma notícia é boato.
C: Você já trabalhou este tema com seus alunos? Como foi?
GC: Sempre trabalhei esse tema com meus alunos, mas hoje o desafio é trabalhar esse assunto com todos os públicos inclusive com professores. Os alunos quando descobrem que podem fazer a verificação de uma notícia começam a desconfiar de informações sem uma fonte confiável e chegam a chamar a atenção de seus pais e familiares quando eles compartilham notícias falsas.
C: Durante as aulas você já se deparou com informações falsas divulgadas pela turma?
GC: Sim, muitas vezes os alunos divulgam notícias sobre sequestros de crianças e nesse momento é que aproveito para mostrar como podem verificar esse tipo de informação através de sites e até observarem detalhes no áudio ou na foto que podem mostrar que indícios falsos por de  ser outra localidade, de outra época etc. Muitas vezes divulgam fotos ou vídeos de outro país como se fosse um evento ocorrido na região que moram.
C: Qual a importância da escola – e educação – no combate de notícias falsas?
GC: Unir forças com o intuito de educar as pessoas para a convivência nas Redes Sociais é promover cidadania, ética e tolerância. A escola não pode ficar à margem do que acontece no mundo virtual e, especialmente, nas Redes Sociais, porque o que acontece lá tem influência na vida real.

O Canal Futura é uma das 24 empresas brasileiras de mídia que faz parte do Comprova atuando no combate a boatos, notícias falsas e a desinformação durante as Eleições 2018. O projeto Comprova é desenvolvido pelo First Draft Internacional e o Shorenstein Center, da Harvard Kennedy School, e tem o apoio da Abraji (Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo).
As redações participantes trabalham em conjunto para verificar informações. Após passar por treinamento, os jornalistas monitoram rumores compartilhados em redes sociais, sites e no WhatssAPP. Depois, criam peças visuais como imagens compartilháveis, gifs e vídeos curtos para espalhar os desmentidos. um critério inovador do projeto é que nenhum desmentido será publicado antes de, ao menos, 3 veículos de imprensa diferentes entrarem em acordo sobre a falsidade da informação em questão.


Gisele Cardoso Cordeiro é professora de Ciências da Rede Municipal do Rio de Janeiro, com 26 anos de experiência na área. Mestre em Tecnologia Educacional pelo Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde (NUTES/UFRJ) e especialista de EAD e Dificuldades de Aprendizagem. Também atua como professora universitária na área de Tecnologia Educacional e Prática de Ensino e atualmente ocupa o cargo de gerente de Inovação e Tecnologia Educacional da Secretaria municipal de educação do Rio de Janeiro (SME/RJ). Colunista do site QEdu.


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